"O despertador tocou às 7:30, sendo que eu quase nem dormi com o entusiasmo!"
Olá, para quem não me conhece (que é o mais provável), o meu nome é Juliana, tenho 24 anos, e a coisa mais importante que podem saber neste momento sobre mim, é que sou a rapariga com a máquina fotográfica nas provas de ciclismo em Portugal, e agora na Bélgica também.

Por esse mesmo motivo, vamos lançar a rubrica ("Super Fã"), que irá dar voz às melhores histórias, contadas em primeira mão, pelos próprios amantes da modalidade.
A primeira história é contada pela @jud.reis , um dia incrível passado numa prova de CX. Obrigado Juliana pela tua partilha.
Se tens alguma história e queres contar a tua experiência, podes enviar mensagem privada em qualquer uma das nossas redes sociais.
Olá, para quem não me conhece (que é o mais provável), o meu nome é Juliana, tenho 24 anos, e a coisa mais importante que podem saber neste momento sobre mim, é que sou a rapariga com a máquina fotográfica nas provas de ciclismo em Portugal, e agora na Bélgica também.
Recentemente mudei me para a Bélgica, o centro do ciclismo, imaginem a minha criança interior em êxtase com este acontecimento! Claramente, em dezembro, na Bélgica, a temporada de CX faz a delícia dos espectadores!
E eu, como esperado, estive lá. No dia 4 de dezembro rumei até a Antuérpia para
ver o primeiro confronto dos titãs do CX, Mathieu van der Poel, Wount Van Aert
e Tom Pidcock.
O despertador tocou às 7:30, sendo que eu quase nem dormi com o entusiasmo! Pelo menos aqui na Bélgica as pessoas percebem o meu entusiasmo, o ciclismo é realmente vivido e sentido. Eu sempre gostei de ciclismo, mas o CX é uma modalidade, que para mim, é bastante intensa e interessante, de curta duração, em que se vivem os momentos mais caricatos.

A chegada ao recinto foi um misto de emoções, que eu ainda não consigo explicar, em Portugal nunca tinha visto nada assim, nem na Volta a Portugal.
As provas de Elite ainda não tinham começado e já havia imensa gente no recinto. Algo que me chocou foi ter de pagar bilhete, aqui para ter acesso as provas de CX o bilhete são 15€, para mim que não conhecia a realidade pareceu me um pouco surreal, pagar para ver uma prova de Ciclismo, mas a realidade é que o recinto tinha imenso para oferecer que não só a prova de CX, sendo que, incluía uma Fan Zone com festa depois da prova, imensas roulottes de comida, e claro sítios para comprar cerveja (estando na Bélgica isto não podia faltar, mesmo com 0º).
Depois de uma pequena volta pelo recinto decidimos ir para a zona dos
autocarros, e claramente era fácil saber onde estava o autocarro da Jumbo-Visma porque estava uma fila com dezenas de pessoas a tentar ter um vislumbre do Wout Van Aert e com sorte um autógrafo.
A primeira prova foi das raparigas U19 às 11:30h, foi uma corrida bastante intensa e muito bem disputada, infelizmente a prova contou com poucos espectadores, e aqui é bem realçada a discrepância entre o sexo feminino e masculino, uma realidade também vivida em Portugal, e não só, parte de mim quer continuar a acreditar que isto um dia irá mudar. Nesta primeira prova foi possível perceber que o percurso não era muito complexo, com alguns obstáculos interessantes, muitas zonas planas com espaço para os ciclistas recuperem lugares. Neste ponto, acho que não escolhi a melhor prova para ver, comparativamente com as outras provas, este percurso não era tão interessante.

No final desta prova começou o reconhecimento dos Elite masculinos, era só ver as pessoas a correr de um lado para o outro para terem a possibilidade de ver os 3 grandes, e foi aqui, que vi, pela primeira vez o Mathieu van der Poel, se tivesse um monitor cardíaco ia detetar imediatamente um taquicardia.
Eu acompanho ciclismo há algum tempo, mas sempre pela televisão, e ter a oportunidade de ver pessoalmente e em prova um dos grandes nomes do ciclismo atual é algo inexplicável. Logo a seguir vinha o Tom Pidcock e o Wout Van Aert, neste momento os belgas deliraram, ainda só estávamos no reconhecimento e eles já estavam a gritar e a fazer uma festa cada vez que o atleta da casa passava.

Havia dezenas de pessoas com cartazes de apoio, fachas, máscaras de apoio com Wout Van Aert estampados, mas a realidade é que também deliravam cada vez que o Mathieu van der Poel e o Tom Pidcok passavam, e é este o espírito do ciclismo.
O apoio era transversal a todos os atletas em prova.
A prova seguinte foi a das mulheres Elites, que contou com a participação da Fem van Empel, Puck Pieterse, e a Ferrand-Prevot da Ineos, sinceramente estava a espera de uma prova mais discutida, mas a Fem Vam Empel comandou a corrida desde o inicio, não dando grande hipótese às adversárias.
Relativamente a questões logísticas, a organização desta prova é impecável, está tudo muito bem organizado e há muitas questões de segurança associadas devido aos nomes que participaram nesta prova. Honestamente, para mim que tiro fotografias como passatempo, a logística das provas portugueses é incrível, tenho toda liberdade do mundo, mas aqui é completamente diferente, não tenho tanto acesso às equipas nem aos ciclistas, mas já ando a tratar da minha rede de contactos.

"...a loucura estava instalada, toda a gente parou para ver a prova, havia adeptos em todo o lado..."
Às 14:30 começou a prova dos Elite Masculinos, a loucura estava instalada, toda a gente parou para ver a prova, havia adeptos em todo o lado, portanto a opção era escolher um local com um ecrã gigante por perto para ver a prova, ou correr de um lado para o outro. O início foi bem disputado, sendo que o Tom Pidcock ficou logo um pouco para trás. Na segunda passagem pelo local onde me encontrava o Mathieu Van der Poel já tinha um avanço de cerca de 20 segundos sobre Wount Van Aert, sendo que esta diferença se deveu a uma queda. A prova já estava um pouco decidida porque em todas as voltas ele conseguiu manter esta vantagem, não dando grande hipótese aos adversários, para nós, público esta diferença não é assim tanto interessante. Foi uma corrida muito rápida, sendo que cada volta foi feita em menos de 8 minutos, foi uma hora de prova bastante intensa, uma hora que nem demos pelo tempo passar.


Ver as pessoas a viver o ciclismo faz-me acreditar que o ciclismo em Portugal pode chegar mais longe. A realidade é que aqui na Bélgica todos sabem quem é o Remco, o Wout Van Aert, já em Portugal maior parte das pessoas não sabem quem é o João Almeida, Rui Costa, Rubén Guerreiro... podia continuar esta lista infindável de nomes relevantes no ciclismo português, mas o resultado seria o mesmo.
Aqui, na Bélgica, por muito que as pessoas não sigam o ciclismo sabem quem são estes atletas, porque são vistos como ícones. É frustrante perceber que Portugal não dá valor aos atletas que tem, pessoas que todos os dias treinam para ser melhores e chegar mais longe, e com eles a chegar mais longe, Portugal chega mais longe.
Da minha parte vou continuar a viver o ciclismo, na Bélgica e claro, em Portugal, e falar dos atletas portugueses sempre que me perguntam de onde sou!
Texto e Fotos: Juliana Reis
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